Um assunto que volta e meia meus amigos modelistas questionam é sobre a instalação do eixo que aciona o hélice em um barco ou navio. O ponto de dúvida surge principalmente na questão de como fazer para a água não entrar dentro do barco. Afinal, pelo ponto por onde sai o hélice (sim, é masculino em náutica), seria um local possível da água entrar dentro do barco fazendo-o inundar. Para explicar de uma forma bem didática, vou usar um exemplo bem interessante. Vamos fazer uma vitamina de banana. O que acha?
Você pega o ‘copo’ do liquidificador e coloca banana, açúcar e leite. Opa, aí vem a sacada da explicação. Na hora que você coloca o leite o líquido não vaza pela parte inferior. Mas como? Pois afinal, tem ali uma hélice e deve haver alguma folga nela, pois caso contrário ela não iria se movimentar (girar). Chamamos isso de ‘gaxeta’. Existem ali elementos que permitem o movimento da hélice, mas ao mesmo tempo o leite (no caso do liquidificador) não passa. Mas é bem verdade que se você deixar a vitamina batendo no liquidificador por um período longo, por vezes até algumas gotinhas podem ser vistas. Sim, um pouco pode vazar, especialmente se se liquidificador for antigo. Pois nesse caso sua gaxeta está precisando de revisão.
Esse mesmo princípio pode ser utilizado nos barcos de controle remoto. A gaxeta é feita na maior parte das vezes por um eixo que gira dentro de um tubo onde não existe muito espaço, assim diminuindo a chance da água entrar. Mas além disso, é colocada graxa para fazer a vedação final e assim proteger do acesso indevido da água. Eu tenho vários amigos que usam esse sistema. Mas a verdade é que: pinga água. Depois de você usar por algum tempo seu modelo navegando, a água vai entrar. Não muito, bem pouco. Lembra o que falei do liquidificador. É isso. Então você precisa sempre analisar sua gaxeta e verificar o nível de graxa para continuar em segurança.
O eixo dessa forma pode ficar paralelo ao fundo do casco. Isso é muito interessante, principalmente sob o ponto de vista de ser possível alcançar maiores velocidades. Ou seja, instalando o eixo como expliquei, em linhas gerais a performance final do conjunto será superior.
Porém caso você não queira se preocupar com gaxeta e a possibilidade da água entrar dentro do seu navio, você pode seguir por outra solução. Sim, um caminho mais prático e simples e que não necessariamente precisa de graxa no eixo. Porém, a performance final não é melhor que o modelo anteriormente explicado. Ou seja, funciona bem, mas se você está projetando um barco de corrida, essa não é a melhor solução.
A minha resposta para esse projeto é deixar o eixo em diagonal. E não só isso. Fazer o eixo longo de tal forma que o eixo termine acima da linha d’água. Pois assim, a água pode até entrar dentro dele, mas como o eixo se prolonga acima do nível da água ela não vai vazar para dentro da embarcação. Mas veja, foi como disse. Um eixo em diagonal gera duas forças: uma na horizontal que ajuda o barco a se deslocar, mas também uma outra na vertical que tende a empurra a popa do barco (parte traseira) para cima. Ou seja, essa força não é interessante para altas velocidades. Pois uma vez que levanta a popa, abaixa a proa. E durante a navegação de uma embarcação, o que ocorre é exatamente o contrário, a proa que deve levantar.
Veja nessa imagem abaixo a explicação que dei sobre os dois diferentes tipos de instalação do eixo no navio.
Para ajudar você nessa tarefa de instalar o eixo em uma embarcação de rádio controle eu gravei um vídeo. Assista e depois deixe seu comentário.